A ENGENHARIA DA POBREZA SANITÁRIA

Publicado em: 01/09/2020
Autor: Josué Rocha
Assunto: Saúde ambiental
Tempo de leitura: 2 minutos

É certo esperar que uma pessoa sem um propósito de vida, abandonada numa condição de pobreza material e emocional, cuide do bem comum?

A perturbação da dor, também relacionada a percepção do sofrimento no mundo, e o medo da morte muitas vezes nos torna predadores da vida, construtores de ambientes deletérios.

Quanto mais lixo melhor, será que é assim que pensam os que ganham por tonelada de lixo coletado? Alguém lucra com a falta de água? Existe alguma vantagem em não tratar os esgotos? Quais as vantagens dos alagamentos urbanos? Como sociedade, somos capazes de responder a essas perguntas?

Existe uma pobreza sanitária nas cidades amazônicas. Assim como existe um trabalho engenhoso para a construção da pobreza que contribui para a falta de saneamento. Por outro lado, a engenharia sanitária vem atuando sem considerar em seus cálculos as dimensões metafísicas da insalubridade amazônica.

A pobreza revelada pela falta de saneamento é construída e mantida por mecanismos complexos operados inconscientemente por crenças e valores sistematizados numa cultura que se conecta particularmente com o medo da morte. Nesse sentido, a busca individual – unifamiliar – de soluções para o saneamento é uma manifestação do ego, que evidencia o paradoxo: “estou me matando porque quero viver”.

Precisamos adotar um novo paradigma para o desenvolvimento da saúde ambiental na Amazônia, que represente a bondade e o desejo de servir da alma humana. Talvez, a carência de atitudes simples e amorosas em favor do bem estar geral seja até maior do que a escassez de recursos financeiros para a construção de obras de engenharia.

Podemos começar a mudança identificando e apoiando experiências saudáveis, possíveis de serem replicadas. Podemos nos dá o trabalho de conhecer as pessoas que já estão cumprindo a sua missão de vida, abençoando a humanidade com as suas atitudes e comportamentos saudáveis.

Convidamos você a participar do movimento SANULUS de educação popular e solidária para o progresso da saúde ambiental na Amazônia. Ajude uma criança a aprender brincando, seja um voluntário no SANCLUB*.

* SANCLUB: Associação infanto-juvenil dedicada ao desenvolvimento do saneamento ambiental, popular e solidário com base em diálogos e na prática de jogos, brincadeiras, danças, teatro, música e outras manifestações culturais, artísticas, políticas e sociais.

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